O que iluminou meu caminhar

Nada nele me parecia urgente, apenas o sorriso aberto feito um abraço ansioso. Tem olhos que parecem dois punhados de certeza da beleza das coisas.
Olhos virados para as coisas certas, a procura dos detalhes preguiçosos de um dia bonito. Quando ouço a sua voz, o invisível me pega e me vira ao avesso. Prendo o ar pra não fazer barulho e atrapalhar a gentileza daquele refrão. Aperto as mãos contra a boca pra empurrar as palavras que escorrem pelos dedos, enquanto aquela beleza translúcida me ilumina do centro até as extremidades. Já não sei se estou viva neste instante, a leveza que meu corpo traduz me faz crer que ele é o mundo. E a gentileza das nossas conversas nunca me pareceu tão necessária. A preguiça toda em colocar os pés no chão. Ele é um presente, daqueles que enchem os olhos só pelo embrulho, e você não tem pressa pra descobrir. Hoje acordei, pensando em escrever qualquer coisa que desembrulhasse mais um pouco aquele rapaz, mas só conseguia pensar em como ele é bonito.





"É bem provável que eu só visse o vento, o sopro, as ondas, a respiração serena do instante sorridente, por causa do sorriso, dentro, que acontecia."
[Ana Jácomo]