segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sabor da madrugada (modificado)

Uma madrugada é um despertar carregado de nitidez, de sabor, de som, de peso e forma. Toda vez que uma noite despenca sobre o sol, a serenidade começa a transbordar de dentro para fora de tudo e todos, até seu próprio limiar de trevas, entre a morte do sol e a ressureição do mesmo,
cria-se dentro de nós um universo paralelo que amplifica, exterioriza, multiplica todas as faces espelhadas de um dia cinza, calado e insípido.
O sereno, nome dado ao ar da madrugada, invade nosso corpo, nariz e boca, e este mesmo dia sem tom, se transforma numa orquestra turbulenta de sentimentos.

Aos sentidos é entregue uma nova fonte, a da paz no vazio, tão superior ao caos da luz do dia que torna o pensamento o motor de novos corpos, flutuantes, etéreos, capazes de alcançar todo e qualquer lugar com a intensidade do momento.
Reviver em flash eventos de mil anos ou levar horas em um segundo, um pequeno gigante marcante.
O frio contém o suor. O silêncio contém a lágrima.

Quando descem gotas, testa e olhos, sabemos que algo transcendeu. Superamos a inércia da calada da noite.
Na madrugada, nos resta contar com tudo que temos: A expectativa e o porto seguro.

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